quarta-feira, 16 de julho de 2008

A praia - Parte I

O tempo está bom e apetece ir à praia estorricar os neurónios. Como bom português que sou, acordo por volta das onze da matina e só meto os calcantes na areia fresquinha lá pelo meio-dia.

É necessário alguma preparação para enfrentar uma tarde dura a ver catraias semi-desnudas a pularem enquanto jogam com as raquetes. Sempre que posso levo os calções do engate, i.e., calções sem rede interior que deixa dois terços do júnior à mostra. Apenas tenho que me lembrar de passar o creme protector no dito cujo. Visto a t-shirt de alças a mostrar a juba sovacal, penteio o bigode e as suíças, coloco o palito no canto do lábio e estou pronto para sair de casa

Estaciono a minha Zundapp entre os caixotes do lixo e desamarro o meu São Bernardo, Pitufas, do cano de escape. Com a geleira cheia de minis numa das mãos, a trela do Pitufas na outra, a cadeira debaixo de um sovaco e a F.H.M. no outro, la vou eu cheio de vida.

A escolha do lugar é muito fácil, quanto mais longe da água melhor.
- Mais quente e campo de visão alargado.
Mas pergunto sempre ao Pitufas:
- Queres ir para mais perto da água?
- Caiiinnnnnn, aufff, aufff, cainnnn, cainnnnn, aufff, aufffff
Ao que posso depreender que, com a lingua de fora, só pode estar a querer dizer:
- Pufff, tas tolo, ficamos por aqui, com esta areia quente, aproveito e esterilizo as patas.

Monto arraiais e com os meus óculos escuros tricolores fico a observar a paisagem. Sobem-se-me os calores. Não sei se provocados pela revista, pelas catraias ou pelo calor. O suor já se me começa a escorrer pela penugem do rego - É hora de ir ao banho.

Com o badalo a dar-a-dar lá vou eu todo lampeiro. O Pitufas fica a guardar as minis. Após meia hora a tentar entrar na água, tomo coragem e consigo molhar os...os...os...calções. Faço shlep shlep no sovaco e retorno à base.

Quando chego ao meu lugar, o Pitufas nem ladra, nem abana o rabo quando me vê. Sai mesmo ao dono. Ganda maluco, ficou com os olhos trocados a ver as moçoilas aos pulos. Uma delas levava um Yorkshire Terrier. Abri uma mini e deixei-o beber à vontade, afinal também merece – Grande Pitufas.

Após dois packs de minis, o sono apoderou-se de mim e decidi fazer uma sorna.

Quando acordei, tinha a garganta mais seca que o Deserto de Alcochete. Mandei logo para o buxo meio pack de rajada. Depois de um belo arroto de trinta segundos e quatro oitavas, vi que o canito tinha adormecido sobre a fotografia da Floribela. Tentei acorda-lo, mas ele estava num sono profundo. Mandei, para a goela, mais meio pack de minis.

Na hora de abalar para casa, notei que o Pitufas estava muito cansado e sem a mesma vivacidade de outros tempos. Naquele fim de tarde, em vez de o amarrar ao cano de escape, como ele sempre gostou, levei-o comigo ao colo. Cheguei a casa dei-lhe uma banhoca revigorante, dei-lhe de comer e àgua para beber. Ficou como novo.

Apanhei um susto dos grandes. Nunca mais o levei à praia.
Cheguei à conclusão que a praia faz mal ao meu Pitufas. Não por causa do calor (São Bernardo,
com aquele pelo todo, já está habituado) mas porque aquele Yorkshire Terrier era muita areia para o camião dele.

Não levem os animais para a praia, eles sofrem!!!!


3 comentários:

Sara disse...

Muito bom! a foto está bem apanhada, é verdadeiramente inspiradora deste post fantástico!

Maura disse...

Oh pá, já não está na altura de te sair uma estapafurdice nova? Este último post já tem uns meses! Queremos rir! :)

Maura disse...

Olha que isto está mesmo morto!
Vai lá falar mal ao UD!